Grandes Pintores #01 - William-Adolphe Bouguereau

Grandes Artistas #01 - William-Adolphe Bouguereau

Retrato do Artista William-Adolphe Bouguereau

Introdução a Serie:
Com a degeneração da arte introduzo esta serie para apresentar verdadeiros artistas e suas obras, muitos dos quais foram propositalmente esquecidos, fazendo assim prevalecer a verdadeira arte.

Introdução
William-Adolphe Bouguereau foi um professor e pintor acadêmico francês. Ele nasceu em La Rochelle em 30 de novembro de 1825. Com um talento manifesto desde a infância, recebeu treinamento artístico em uma das mais prestigiadas escolas de arte de seu tempo, a Escola de Belas Artes de Paris, onde veio a ser mais tarde professor muito requisitado, ensinando também na Academia Julian. Sua carreira floresceu no período áureo do academicismo, sistema de ensino do qual foi um ardente defensor e do qual foi um dos mais típicos representantes.

Sua pintura se caracteriza pelo perfeito domínio da forma e da técnica, com um acabamento de alta qualidade, obtendo efeitos de grande realismo. Em termos de estilo, fez parte da corrente eclética que dominou a segunda metade do século XIX, mesclando elementos do neoclassicismo e do romantismo em uma abordagem naturalista com boa dose de idealismo. Deixou obra vasta, centrada nos temas mitológicos, alegóricos, históricos e religiosos; nos retratos, nos nus e nas imagens de jovens camponesas.

Acumulou fortuna e granjeou fama internacional em vida, recebendo inúmeros prêmios e condecorações — como o Prêmio de Roma e a Ordem Nacional da Legião de Honra — mas no final de sua carreira começou a ser desonrado pelos pré-modernistas. A partir do início do século XX, logo após sua morte, sua obra foi rapidamente esquecida, chegando a ser considerada de todo vazia e artificial pelo mesmo, e um modelo de tudo o que a arte não deveria ser. Mas na década de 1970 começou a ser novamente apreciada, e hoje é considerado um dos maiores pintores do mundo. 

Autorretrato Presenteado a M. Sage, 1886


Vida

Primeiros anos
William-Adolphe Bouguereau nasceu em uma família que havia se radicado em La Rochelle desde o século XVI. Seus pais eram Théodore Bouguereau e Marie Marguérite Bonnin. Em 1832 a família se mudou para Saint-Martin, a principal cidade da ilha de Ré, onde seu pai decidiu iniciar um negócio no porto. O menino foi matriculado na escola, mas passava grande parte do tempo desenhando. O negócio não resultou muito lucrativo, a família teve dificuldades econômicas, e por isso encaminharam-no para viver com seu tio, Eugène Bouguereau, cura da paróquia de Mortagne sur Gironde. Eugène tinha cultura e introduziu seu pupilo nos clássicos, na literatura francesa e na leitura da Bíblia, além de dar-lhe aulas de latim, ensiná-lo a caçar e montar e despertar-lhe o amor à natureza.

Para que aprofundasse seus conhecimentos clássicos, Eugène o enviou em 1839 para estudar na escola de Pons, uma instituição religiosa, onde entrou em contato com a mitologia grega, a história antiga e a poesia de Ovídio e Virgílio. Ao mesmo tempo, recebia lições de desenho de Louis Sage, um antigo aluno de Ingres. Em 1841 a família se mudou novamente, agora para Bordeaux, onde deveriam iniciar um comércio de vinhos e óleo de oliva. O jovem parecia destinado a seguir os passos paternos no comércio, mas logo alguns clientes da loja notaram os desenhos que ele fazia e insistiram que seu pai o mandasse para estudar na escola municipal de desenho e pintura. O pai dele concordou, com a condição de que ele não seguisse carreira, pois via no comércio um futuro mais promissor. Matriculado em 1842 e estudando com Jean-Paul Alaux, apesar de frequentar as aulas apenas duas horas por dia, avançou depressa e acabou por receber em 1844 o primeiro prêmio em pintura, o que lhe confirmou a vocação. Para ganhar algum dinheiro desenhava rótulos para gêneros alimentícios.

Aperfeiçoamento e início da carreira

Através de seu tio, recebeu uma encomenda para pintar retratos de paroquianos, e com a renda dos trabalhos, mais uma carta de recomendação de Alaux, podendo, em 1846, se dirigir a Paris e ingressar na Escola de Belas Artes. François-Édouard Picot o recebeu como discípulo e com ele Bouguereau se aperfeiçoou no método acadêmico. Na época, disse que ingressar na escola o deixou "transbordante de entusiasmo", estudando até vinte horas diárias e mal se alimentando. Para se aprimorar no desenho anatômico assistia a dissecções, além de estudar história e arqueologia. Seu progresso foi, assim, muito rápido, e obras desta fase, como Igualdade Diante da Morte (1848), já são trabalhos perfeitamente acabados, tanto que no mesmo ano dividiu a primeira colocação, junto com Gustave Boulanger, na etapa preliminar do Prêmio de Roma. Em 1850 venceu a disputa final para o Prêmio, com a obra Zenóbia Encontrada por Pastores nas Margens do Araxe.

Zenóbia Encontrada por Pastores nas Margens do Araxe

Estabelecendo-se na Villa Medici, como discípulo de Victor Schnetz e Jean Alaux, pôde estudar diretamente os mestres do Renascimento, sentindo grande atração pelo trabalho de Rafael. Visitou cidades da Toscana e da Úmbria, estudando os antigos, apreciando especialmente as belezas artísticas da cidade Assis na Itália, copiando na íntegra os afrescos de Giotto na Basílica de São Francisco. Também se entusiasmou com os afrescos da Antiguidade que conheceu em Pompeia, que reproduziria em sua própria casa quando mais tarde voltou para a França, o que se deu em 1854. Passou algum tempo com seus parentes em Bordeaux e La Rochelle, decorou a villa dos Moulon, um ramo abastado da família, e depois fixou-se em Paris. No mesmo ano expôs no Salão de Paris sua obra O Triunfo do Martírio, realizado no ano anterior, e decorou duas mansões. Já seus primeiros críticos aplaudiram sua maestria no desenho, a feliz composição das figuras e a afortunada filiação a Rafael, de quem diziam que apesar de ele ter aprendido tudo dos antigos, deixara a obra original. Também foi objeto de um elogioso artigo de Théophile Gautier, que muito lhe valeu para consolidar sua reputação.

Casou-se com Marie-Nelly Monchablon em 1856, e com ela teve cinco filhos: Henriette, George, Jeanne, Paul e Maurice). No mesmo ano o governo francês encomendou-lhe a decoração da prefeitura de Tarascon, onde deixou a tela Napoleão III Visitando as Vítimas da Enchente de Tarascon em 1856. No ano seguinte obteve a medalha de primeira classe no Salão, pintou retratos do imperador Napoleão III e da imperatriz Eugênia de Montijo e decorou a mansão do rico banqueiro Émile Pereire. Com esses trabalhos Bouguereau se tornou um artista célebre, passando a ser procurado como professor. Também neste ano nasceu sua primeira filha, Henriette. O ano de 1859 viu nascer uma de suas maiores composições, O Dia de Todos os Santos, adquirida pela prefeitura de Bordeaux, e seu primeiro filho, George. Na mesma época decorou, sob a supervisão de Picot, a capela de São Luís na Igreja de Santa Clotilde, em Paris, num estilo austero que trai sua admiração pelos renascentistas. Sua segunda filha, Jeanne, nasceu no Natal de 1861, mas viveu poucos anos.

Napoleão III Visitando as Vítimas da Enchente de Tarascon, 1856.

Transição Estilística e Consagração

Enquanto que sua produção inicial havia privilegiado os grandes temas históricos e religiosos, seguindo a tradição acadêmica, o gosto do público começava a mudar e na década de 1860 sua pintura evidenciou uma transformação, aprofundando-se no estudo da cor, preocupando-se com um acabamento técnico de elevada qualidade e consolidando uma obra de maior apelo popular, pela qual ficaria mais conhecido. Realizou decorações na igreja dos agostinhos de Paris e na sala de concertos do Grand-Théâtre de Bordeaux, sempre realizando outras obras paralelamente, que neste período são tintas de certa melancolia. Também estabeleceu fortes laços com Jean-Marie Fortuné Durand, e com os filhos dela Paul Durand-Ruel e Adolphe Goupil, conhecidos marchands (comerciante de artes), participando ativamente dos Salões. Suas obras tinham boa aceitação e logo sua fama se expandiu para a Inglaterra, possibilitando-lhe adquirir uma grande casa com atelier em Montparnasse. Em 1864 nasceu seu segundo filho, chamado Paul.

Sitiada Paris em 1870, durante a Guerra Franco-Prussiana, Bouguereau voltou sozinho de suas férias na Inglaterra, onde estava com a família, e tomou armas como soldado, auxiliando na defesa de barricadas, embora por sua idade fosse isento do serviço militar. Levantado o cerco, reuniu-se aos seus e passou algum tempo em La Rochelle, esperando o fim da Comuna. Aproveitou o tempo para realizar decorações na catedral e pintar o retrato do bispo Thomas. Em 1872 foi jurado na Feira Mundial de Viena, quando suas obras já mostravam um espírito mais sentimentalista, jovial e dinâmico, a exemplo de Ninfas e Sátiro (1873), retratando também muitas vezes crianças. Este clima seria quebrado em 1875, quando faleceu seu filho George, um duro golpe sobre a família, que no entanto refletiu-se em duas importantes obras de tema sacro: Pietà e A Virgem da Consolação. Ao mesmo tempo, passou a dar aulas na Academia Julian de Paris. Em 1876 nasceu seu último rebento, Maurice, e foi aceito como membro titular do Instituto de França, depois de doze pleitos frustrados. Um ano depois, novos sofrimentos: sua esposa, Marie-Nelly Monchablon, faleceu e, após dois meses, perdeu também seu filho caçula, Maurice. Como que por compensação, o período foi pontilhado com a produção de várias de suas maiores e mais ambiciosas pinturas. No ano seguinte, recebeu a grande medalha de honra na Exposição Universal. Ao final da década comunicou à família seu desejo de casar novamente, com sua antiga aluna Elizabeth Gardner. Sua mãe e sua filha se opuseram, mas em segredo o casal noivou em 1879. O casamento só seria celebrado após a morte de sua mãe, em 1896.

Pietà

Em 1881 decorou a capela da Virgem na Igreja de São Vicente de Paulo em Paris, uma encomenda que levaria oito anos para completar, consistindo de oito grandes telas sobre a vida de Cristo. Pouco depois tornou-se presidente da Sociedade dos Artistas Franceses, encarregado da administração dos Salões, cargo que reteve por muitos anos. Entrementes, pintou outra tela de grandes dimensões, A Juventude de Baco (1884), uma das favoritas do artista, permanecendo em seu atelier até sua morte. No ano de 1888 foi indicado professor da Escola de Belas Artes de Paris e, no ano seguinte, foi feito Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra. Nesta altura, enquanto sua fama aumentava na Inglaterra e nos Estados Unidos, na França começava a conhecer certo declínio, enfrentando a concorrência e os ataques das vanguardas pré-modernistas.

A Juventude de Bacchus (Baco), 1884.

Anos Finais
Bouguereau tinha opiniões firmes e em mais de uma vez travou embates com o público, com seus colegas e a crítica. Em 1889 entrou em choque com o grupo reunido em torno do pintor Ernest Meissonier a respeito do regulamento dos Salões, o que acabou resultando na criação da Sociedade Nacional das Belas Artes, que manteve um Salão dissidente. Em 1891 os alemães convidaram artistas franceses para expor em Berlim, e Bouguereau foi um dos poucos que aceitou, dizendo que sentia ser um dever patriótico penetrar na Alemanha e conquistá-la através do pincel. Isso não obstante despertou a ira da Liga dos Patriotas de Paris, e Paul Déroulède iniciou uma guerra contra ele na imprensa. Por outro lado, o sucesso de Bouguereau na organização de uma mostra de artistas franceses na Royal Academy de Londres teve como efeito a criação de um evento permanente, de repetição anual.

Seu filho Paul, que havia se tornado um respeitado jurista e militar, faleceu em 1900, sendo a quarta morte de um filho que Bouguereau teve que testemunhar. Nesta época o pintor estava com Paul em Menton, no sul da França, onde, pintando incessantemente, esperava que ele (Paul) se recuperasse da tuberculose que havia contraído. A perda foi crítica para Bouguereau, cuja saúde a partir de então declinou rápido. Em 1902 manifestaram-se os primeiros sinais de um mal cardíaco. Teve, porém, a felicidade de ver aclamada a obra que enviara à Feira Mundial, e em 1903 recebeu a insígnia de Grande-Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra. Logo depois foi convidado para as celebrações do centenário da Villa Medici em Roma, passando em seguida uma semana em Florença com sua nova esposa, Elizabeth Gardner. Nesta altura recebia amiudados convites para ser homenageado em cidades da Europa, mas sua saúde precária o obrigava a recusá-los, e acabou por impedi-lo de pintar. Pressentindo o fim, mudou-se dia 31 de julho de 1905 para La Rochelle, onde faleceu em 19 de agosto de 1905 com 79 anos de idade.

Elizabeth Jane Gardner Bouguereau Segunda Esposa de William-Adolphe Bouguereau

Distinções
Os esforços artísticos de Bouguereau foram amplamente reconhecidos em sua vida, obtendo grande número de distinções oficiais:
  1. Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra (1857);
  2. Membro da Academia Real de Belas Artes de Amsterdam (1866);
  3. Membro do Instituto de França (1876);
  4. Membro da Academia de Belas Artes de Paris (1876);
  5. Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra (1876);
  6. Presidente da Associação dos Artistas Franceses (1881);
  7. Presidente da Associação dos Artistas fundada pelo barão Taylor (1883);
  8. Professor da Escola Nacional Superior de Belas Artes (1888);
  9. Membro da Academia Real de Belas Artes de Anvers (1889);
  10. Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra (1889);
  11. Comendador da Ordem de Isabel, a Católica (1889);
  12. Membro associado da Academia Real das Ciências, Letras e Belas Artes da Bélgica (1890);
  13. Comendador da Ordem de Leopoldo (1895);
  14. Grande-Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra (1903);
  15. Presidente de diversos juris de exposições na França e no exterior.


Obras:
William possui mais de 200 obras, por isso não irei colocar todas elas, só as que eu achei as melhores.
Confira todas em:

Dante e Virgílio no Inferno (Dante et Virgile)

O Nascimento de Vênus (La Naissance de Vénus), 1879

Ninfas e Sátiro (Nymphes et Satires), 1873

The Young Shepherdess (A Jovem Pastora)

The Young Shepherdess (A Jovem Pastora)

The Virgin With Angels (A Virgem Com os Anjos), 1900

Les Noisettes (As Apanhadoras de Nozes), 1882

The Little Knitter, 1882

Le Ravissement de Psyché (O Rapto de Psiquê), 1895

Humor Noturno (Humeur Nocturne), 1882

O Trabalho Interrompido (Le Travail Interrompu), 1891

Carícia (Câlinerie), 1890

A Primavera (Le Printemps), 1886

Jovem Italiana Pegando Água (Jeune Italienne Puisant de l'eau), 1871

O Primeiro Luto (Premier Deuil), 1888

Pequenos Mendigos (Petites Mendiantes), 1880

A Lição Difícil (The Hard Lesson), 1884

Criança Trançando Uma Coroa (Child Braiding A Crown), 1874

A Madona Com Lírios (La Vierge au Lys), 1899 

Os Oreads (Les Oréades), 1902

A Reverência (La Révérence), 1898

A Madona Com Rosas (La Madone aux Roses), 1903

Carga Agradável (Pleasant Burden), 1895

Tobias Dizendo Adeus a Seu Pai (Tobias Saying Good-Bye to his Father), 1860

Homero e Seu Guia (Homer and His Guide), 1874

O Ninfeu (The Nymphaeum), 1878

A Aurora (A'Aurore), 1881

Os Jovens Mendigos (Le Jeune Mendiants)

O Gosto (Le Goûter)

O Gosto (Le Goûter), 1901

As Duas Irmãs (Les Deux Soeurs), 1901

Na Fonte (A la Fontaine), 1897

O Retorno do Mercado (The Return of the Market), 1869

Uma Garotinha (A Little Girl), 1886

Meditação (Meditation), 1901

A Inocência (L'Innocence)

Compaixão (Compassion), 1897

Arte e Literatura (Lart et la Litterature), 1867

Margaridas (Pâquerettes), 1894

A Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo (The Flagellation of Our Lord Jesus Christ), 1880
  
O Pássaro Ch Ri (The Bird Ch Ri), 1867 

As Mulheres Sagradas no Túmulo (Les Saintes Femmes au Tombeau), 1876

Obs: Postagem sujeita a edições.

Serie Ícones Brancos

Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/William-Adolphe_Bouguereau

Palavras-Chaves:
Cultura Branca, Ícones Brancos, Heróis Brancos, Verdadeiros Pintores e Artistas, a verdadeira arte.

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