O Modelo Liberal de "Empreendedor" é Sinal de Subdesenvolvimento Econômico e Miséria

março 24, 2018 , 0 Comments


Comece a vender salgados congelados e você já estará "competindo" com a Sadia. Monte um pequeno mercadinho e você já será concorrente do Pão de Açúcar ou do Carrefour. Venda picolé na praia e esteja no mesmo nível (mesmo que meramente potencial) da Kibom. Na ótica liberal, essas profissões informais estão no mesmo nível semântico dos maiores CEO's das maiores corporações e multinacionais do mundo: são todos "empreendedores", "empresários".

A noção liberal de "empreendedorismo" (colocamos entre aspas mesmo, porque é um conceito totalmente superficial e deturpado) é significado de empobrecimento. O modelo ideal de "empreendedor" defendido pelo liberal é o modelo do subdesenvolvimento. Liberais consideram vendedores de picolé, donos de barraca de cachorro quente, vendedores ambulantes, donas de casa que vendem salgados e todo tipo de trabalho informal como "empreendedores", quando na verdade o verdadeiro nome para isso é massa desempregada ou em subemprego, funções de baixa produtividade, baixa remuneração e baixa valorização econômica.


Essa massa no subemprego ou no mercado informal é significado justamente de uma economia pobre, pouco desenvolvida e totalmente frágil. Nenhuma nação economicamente desenvolvida, inclusive aquelas que são citadas pelos liberais como "modelo de sucesso do liberalismo", fomentam esse estilo de trabalho ou esse ramo de atividade econômica. Investem pesadamente em educação, formação profissional, tecnologia e pesquisa científica. São nações que não colocam as massas dependentes de trabalhos no setor terciário. Ao contrário: fomentam a geração de empregos e a indústria (é exatamente o que Trump vem fomentando recentemente, com mais vigor).

Nós devemos entender, valorizar e estimular a criatividade econômica e a independência financeira, mas não devemos romantizar o subemprego. Essas pessoas não conseguem renda suficiente para suprir minimamente suas necessidades mais básicas e elementares, não possuem nenhuma estabilidade ou seguridade (o que é sim necessário para manter a estabilidade familiar e evitar a miséria). A fraseologia liberal e o falso apoio à atividade empreendedora (que é entendida pelos países desenvolvidos que investem em setores estratégicos, e não fomentando desemprego de suas populações forçando-as a trabalhar como vendedores ambulantes e "autônomos") são meios de mascarar uma realidade brutal: a desindustrialização no Brasil e a falta de investimento em educaçaõ e tecnologia criaram e vão continuar criando uma massa com baixa remuneração e renda e poder de compra decrescentes.

O trabalhador que ganha seu dinheiro honestamente merece todo nosso respeito e não estamos rejeitando seu valor. O que estamos criticando é a falsa empatia liberal e a demagogia de incentivar a massificação desse tipo de trabalho, sem nenhuma compensação ou apoio a esse pequeno e médio empreendedor e seguindo justamente a contramão daquilo que é adotado economicamente pelos países mais desenvolvidos e ricos. Isso não é valorizar o trabalhador, é florear sua realidade e impedir mudanças reais em sua condição de vida.

Temos de lutar por condições mais dignas ao trabalhador. Chamar o desempregado que não tem mais opções ou o subempregado de "empresário" ou "empreendedor" é rejeitar a realidade e a degradação econômica como ocorre atualmente e rejeitar a própria condição de miséria da maior parte da população brasileira.

Créditos:
https://www.facebook.com/AcaoAvante/posts/1702771803143089

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