Refutando passagens do livro de Levítico [É proibido comer porco, tatuagem, roupas de fibras diferentes, não se barbear?]

 Levítico 19:19: “… Não vistam roupas feitas de tipos diferentes de tecidos.”

O livro de Levítico nos relata a formação de um povo santo, o povo que Deus havia separado dentre as nações para ser Seu. Por isso, neste livro encontramos tantas leis. Eram as leis que Deus estava dando para o Seu povo Israel. Com relação às vestimentas, isso era uma característica que diferenciava o povo de Deus dos pagãos. E é claro que isso foi dito para ser observado apenas pelos israelitas e naquela época, visto que Cristo aboliu estas leis no Novo Testamento: “O fim da Lei é Cristo, para que todo aquele que acredita se torne justo” – Romanos 10:4. (Veja também 2 Coríntios 3:7-18, que mostra mais uma vez que nós já não devemos observar a Lei de Moisés, pois Cristo a aboliu com seu sacrifício supremo e eterno na cruz), embora, é claro, os Dez Mandamentos permaneçam válidos, visto que nos foram novamente ensinados no Novo Testamento (com exceção do mandamento de guardar o sábado).

Além disso, esta lei servia também como precaução anti-alérgica. Ainda hoje médicos sugerem isto aos bebês que estão tendo algum tipo de irritação cutânea.

Não se barbear

Levítico 19:27: “Não cortem o cabelo dos lados da cabeça nem aparem as pontas da barba.”

Cortar o cabelo, arredondando os cantos da cabeça, e danificar a ponta da barba, era costume dos sacerdotes de Baal e outros deuses estranhos. O povo de Deus deveria ser santo e, portanto, ter costumes diferentes dos povos pagãos circunvizinhos. Jeremias 9:25, 26; 25:23; 49:32 mostram que é evidente que essa lei foi dada para impedir que os judeus cortassem a barba ou o cabelo dum modo que imitaria certas práticas pagãs. No entanto, a ordem de Deus não significava que os judeus não podiam cortar o cabelo ou aparar a barba, mas apenas que não deveria fazê-lo de tal modo que imitasse os costumes pagãos — 2 Samuel 19:24.

Tatuagem

Levítico 19:28: “Não façam cortes no corpo por causa dos mortos nem tatuagens em vocês mesmos. Eu sou o Senhor.”

Dar golpes na carne fazia parte do ritual de culto dos adoradores de Baal, um deus falso, um ídolo. O profeta Elias, ao desafiar os profetas de Baal, pôde observar esse comportamento neles, quando clamavam e adoravam o seu deus: “Então eles gritavam mais alto e, conforme o costume deles, fizeram talhos no próprio corpo com espadas e lanças, até escorrer sangue.” (1 Reis 18:28).

Deus deu essa lei para que o Seu povo não se igualasse aos pagãos idólatras que se feriam, fazendo cortes e tatuagens em seus corpos. Deus não queria que Seu povo se ferisse de modo algum. Ou será que um Pai se alegra ao ver o filho ferido? Claro que não. Oséias 6:6 declara: “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Além disso, todo crente no Deus vivo deve saber que seu corpo não pertence a si, mas a Deus, e que, portanto, seu corpo deve ser bem cuidado, visto que é templo vivo de Deus, onde habita Espírito Santo de Deus (1 Coríntios 3:16).

Não comer carne de porco e frutos do mar

Levítico 11:7: “Considerem impuro o porco…”

Levítico 11:9-12: “De todos os animais aquáticos, vocês poderão comer os que têm barbatanas e escamas, e vivem na água dos mares e rios. Mas todo aquele que não tem barbatanas e escamas e vive nos mares ou rios, todos os animais pequenos que povoam as águas, e todos os seres vivos que nelas se encontram, vocês considerarão imundos. Eles são imundos; por isso, não comam sua carne e considerem imundo o cadáver deles. Todo ser aquático que não tem barbatanas e escamas será imundo para vocês.”

“O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios. Tais ensinamentos vêm de homens hipócritas e mentirosos, que têm a consciência cauterizada e proíbem o casamento e o consumo de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ação de graças pelos que creem e conhecem a verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração.” 1 Timóteo 4:1-5

Primeiramente, gostaria de fazer algumas considerações:

Comer carne não é pecado. Jesus declarou puro todos os alimentos:

“E ele disse-lhes: ‘Então, nem vós tendes inteligência? Não entendeis que tudo o que vem de fora, entrando no homem, não pode torná-lo impuro, porque nada disso entra no coração, mas no ventre, e sai para a fossa?’ (Assim, ele declarava puro todos os alimentos).” - Marcos 7:18

Além disso, devemos lembrar que o próprio Deus nos deu todos os animais como alimento:

“Todos os animais da terra tremerão de medo diante de vocês: os animais selvagens, as aves do céu, as criaturas que se movem rente ao chão e os peixes do mar; eles estão entregues em suas mãos.Tudo o que vive e se move servirá de alimento para vocês. Assim como dei a vocês os vegetais, agora dou todas as coisas. Mas não comam carne com sangue, que é vida.” - Gênesis 9:2-4

A única proibição sobre comer carne, é comê-la com sangue, porque o sangue representa a vida do animal. Porém, em Levítico 11 encontramos algumas proibições quanto a ingestão de frutos do mar e carnes de porco, isso por que naquele tempo era difícil conservar esse tipo de carne e Deus não queria que o Seu povo ficasse contaminado com alguma doença que o animal pudesse transmitir; por isso ele deveria ser considerado impuro. Essa lei tem a ver com o estado de pureza. Para os judeus, só quem é puro pode se aproximar de Deus. Contudo, é importante observar que, segundo a lei de Moisés, o estado de pureza não significa necessariamente um estado moral, mas é uma situação que tem relação sobretudo com as celebrações rituais. O Corão permite, em caso de necessidade, comer carne de porco (Sura 2,173; 5,3b) e nada diz sobre carne de camelo, coelho e lebre.

Os cristãos deixaram de lado essa prática muito cedo. Há dois textos basilares que nos ajudam a compreender a visão cristã:

“E ele disse-lhes: ‘Então, nem vós tendes inteligência? Não entendeis que tudo o que vem de fora, entrando no homem, não pode torná-lo impuro, porque nada disso entra no coração, mas no ventre, e sai para a fossa?’ (Assim, ele declarava puro todos os alimentos).” - Marcos 7:18

“No dia seguinte, por volta do meio-dia, enquanto eles viajavam e se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar. Tendo fome, queria comer; enquanto a refeição estava sendo preparada, caiu em êxtase. Viu o céu aberto e algo semelhante a um grande lençol que descia à terra, preso pelas quatro pontas, contendo toda espécie de quadrúpedes, bem como de répteis da terra e aves do céu. Então uma voz lhe disse: “Levante-se, Pedro; mate e coma”. Mas Pedro respondeu: “De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo!” A voz lhe falou segunda vez: “Não chame impuro ao que Deus purificou”. Isso aconteceu três vezes, e em seguida o lençol foi recolhido ao céu.” - Atos 10:9-16

Com essas passagens podemos ver que TODOS os alimentos, sendo de origem animal (Atos 10:9-16) ou não (Marcos 7:18), são puros. Todos, sem mais nenhuma exceção.

Romanos 14:2-3 declara:

“Um crê que pode comer de tudo; já outro, cuja fé é fraca, come apenas alimentos vegetais. Aquele que come de tudo não deve desprezar o que não come, e aquele que não come de tudo não deve condenar aquele que come, pois Deus o aceitou.”

* Observação sobre as carnes de animais sacrificados a ídolos:

Era proibida a ingestão de carnes de animais sacrificados aos ídolos: “Que se abstenham de comida sacrificada aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Vocês farão bem em evitar essas coisas.” – Atos 15:29.

Não ser circuncidado

Levítico 12:3: “E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.”

A circuncisão servia como forma de diferenciar o povo de Deus (os israelitas) dos outros povos pagãos. Mas ela foi abolida após a morte de Cristo.

Paulo declara:

Cristo nos libertou para que sejamos verdadeiramente livres. Portanto, sejam firmes e não se submetam de novo ao jugo da escravidão. Eu, Paulo, declaro: se vocês se fazem circuncidar, Cristo de nada adiantará para vocês. E a todo homem que se faz circuncidar, eu declaro: agora está obrigado a observar toda a Lei Vocês que buscam a justiça na Lei se desligaram de Cristo e se separaram da graça. Nós, de fato, aguardamos no Espírito a esperança de nos tornarmos justos mediante a fé, porque, em Jesus Cristo, o que conta não é a circuncisão ou a não-circuncisão, mas a fé que age por meio do amor. Vocês estavam correndo bem. Quem foi que colocou obstáculo para que vocês não obedeçam mais à verdade? Tal influência não vem daquele que chama vocês. Um pouco de fermento basta para levedar toda a massa! Confio no Senhor que vocês estão de acordo com isso. Aquele, porém, que os perturba sofrerá condenação, seja quem for. Quanto a mim, irmãos, se é verdade que ainda prego a circuncisão, por que sou perseguido? Nesse caso, o escândalo da cruz estaria anulado!” – Gálatas 5:1-11.

Por que o escândalo da cruz estaria anulado se Paulo ainda pregasse a circuncisão? Ora, porque o fim da Lei é Cristo (Romanos 10:4) e a circuncisão era uma exigência da Lei. Então, se Paulo ainda a pregasse, de que teria valido o sacrifício de Cristo na cruz? Não teria valido de nada, pois esse sacrifício foi para pôr fim à Lei, o que significa que os cristãos não devem se submeter novamente à Lei. Do contrário, o sacrifício de Cristo estaria anulado.

Paulo diz ainda: 

“De fato, aquilo que faz o judeu não é o que se vê, nem é a marca visível na carne que faz a circuncisão. Pelo contrário, o que faz o judeu é aquilo que está escondido, e circuncisão é a do coração; e isso vem do espírito e não da letra da Lei. Tal homem recebe aprovação, não dos homens, mas de Deus.” – Romanos 2:28-29.