O Homem e a Morte: Sonho - Parte 15

dezembro 28, 2020 , , , 0 Comments



Há uns dois ou três dias, acho que no dia 19/07/2020, eu tive uma especie de visão.

Eu fedia. Era um fedor muito forte. Meu corpo estava apodrecendo. Eu estava em decomposição. Os vermes me comiam. Eu estava enterrado. Estava em um caixão. Eu via tudo aquilo, porém não podia me mexer, nem fazer nada. Eu só sentia aquele fedor e via meu corpo se desfazendo. Desesperado eu precisava de ajuda. Mas ninguém podia me ajudar. Eu estava sozinho. Não havia nada que pudesse ser feito. Eu estava desaparecendo. Minha existência estava sumindo em meio àquela podridão. Lentamente, sendo corroído, eu deixava de existir.

Neste momento, porém, eu tive uma epifania. Eu vi que meu corpo se desfazia e iria virar adubo para o solo. Nesta visão eu pude ver, não tão claramente por causa de uma luz branca principalmente, que havia crescido uma arvore onde eu havia sido enterrado.

Os humanos se olham como estivessem fora da natureza, mas eles também fazem parte da natureza. Mesmo que você esteja no topo da piramide da natureza você ainda faz parte dela.

Eu vi que tudo era um ciclo. Tudo isso é o ciclo da natureza e ser contra isto é ser contra a ordem natural das coisas. Não há o que fazer. A natureza é bela e inteligente. Tudo e todos tem uma função na natureza. Todos tem seu papel de importância. Lembre-se: Deus é perfeito! A natureza é perfeita!

Pensei então no que a Bíblia diz em Gênesis 2:7: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". Será que isto não foi uma metáfora de antigos sábios? Será que está metáfora não quer dizer justamente que somos parte da natureza e a ela pertencemos? Dela fomos tirados e para ela voltaremos, significando isto o ciclo natural. Talvez algum sábio antigo tenha compreendido tal coisa e repassou este conhecimento por meio de metáfora.

Li, enquanto escrevia isto, sobre o homem e o barro. Tal texto dizia:

"A palavra ‘homem’, que com inicial maiúscula designa a humanidade e a espécie humana, vem do latim ‘hominem’, que é o acusativo de ‘homo’ (pessoa). Indo mais para trás no tempo, segundo a maior parte dos etimólogos, o latim 'homo' veio do proto-indo-europeu ‘ghomó’, que significa ‘da terra’ – vindo de ‘dhéghom’ (terra). O sentido disso é que os humanos seriam ‘da terra’, do chão, enquanto os deuses seriam dos céus, do além.

É também desse quase impronunciável ‘dhéghom’ que surgiu o latim ‘humus’, que significa terra, solo. Foi assim: ‘dhéghom’ originou ‘dhǵhomós’ que originou ‘homos’ que surgiu ‘humus’.

Os etimólogos não bateram o martelo quanto à palavra latina ‘humanus’. Uns dizem que veio de ‘homo’ e outros alegam que teria vindo de ‘humus’. Seja qual a origem, humano é um descendente daquela terra protoindo-europeia (‘dhéghom’).

Curiosamente, em hebraico, vemos uma ligação entre o homem e a terra: ‘adám’ é homem (nome de onde vem o bíblico Adão) e ‘adamá’ é terra.

O quase inacreditável da relação homem-barro é que ela aparece em vários outras histórias de criação do mundo! Na mitologia grega, o titã Prometeu foi encarregado de modelar o primeiro humano a partir da argila. Ali na figura, podemos ver a deusa Atena dando-lhe a vida.

Na mitologia suméria, Enquidu é criado do barro pela deusa Aruru; na egípicia, Quenúbis coloca bonecos de barro no ventre das mães; na hindu, Parvati também moldou Ganexa (Ganesh) do barro. Os humanos vieram do barro ainda na tradição havaiana, iorubá, chinesa, maori, norte-coreana, tupi-guarani e outras mais.

Aí, para explodir de vez nossa cabeça, vários bioquímicos têm apresentado estudos sugerindo que a vida na Terra tenha se originado na terra, no barro. Para não delongar, exemplifico aqui apenas dois. Em 2003, cientistas da Universidade Harvard demonstraram que a adição de argila multiplica em cem vezes a tendência de ácidos graxos em formar uma membrana de camada dupla, parecida com a das células, algo que poderia ter acontecido nos primórdios de vida. Além disso, a argila funcionou como catalisadora das reações químicas para a criação do RNA a partir dos nucleotídeos. Em 2013, cientistas da Universidade de Cornell descobriram que o hidrogel de a argila fornece uma função de abrigo para biomoléculas, onde os ácidos nucleicos conseguem ficar protegidos contra a nucleasse (enzima que degrada o DNA) e suas reações de transcrição e tradução foram aprimoradas. Essa proteção da argila poderia ter sido benéfica às biomoléculas na evolução inicial da vida."


Texto por: Charis D'Cruz
02/08/2020

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