Mikhail Bakunin Sobre os Judeus (Carta aos Internacionais, 1871)

março 16, 2021 , 0 Comments


Os delegados das sociedades operárias da Alemanha e da Suíça alemã só começaram a tomar parte das discussões dos Congressos da Internacional depois de 1869. Eles se apresentaram pela primeira vez, em número considerável, no último Congresso de Basiléia (setembro de 1869), após terem se constituído previamente em partido da democracia socialista pangermânica, sob a inspiração direta e sob a direção indireta de Marx que, residindo em Londres, fazia-se e faz-se representar ainda no seio do proletariado, tanto da Alemanha propriamente dita, quanto da Áustria, principalmente por seu discípulo, judeu como ele, Liebknecht, e por muitos outros partidários fanáticos, em sua maioria judeus também.

Os judeus costituem hoje na Alemanha uma verdadeira potência. Ele próprio judeu, Man tem em tonro de si, tanto em Londres quanto na França e em muitos outros países, mas sobretudo na Alemanha, uma multidão de pequenos judeus, mais ou menos inteligentes e instruídos, vivendo principalmente de sua inteligência e revendendo suas idéias a retalho. Reservando para si próprio o monopólio da grande política, ia dizendo, da grande intriga, ele lhes abandona de bom grado o lado pequeno, sujo, miserável, e é preciso dizer que, sob esse aspecto, sempre obedientes a seu impulso, à sua elevada direção, eles lhe prestam grandes serviços: inquietos, nervosos, curiosos, indiscretos, tagarelas, agitados, intrigantes, exploradores, como o são os judeus em todos os lugares, agentes de comércio, acadêmicos, políticos, jornalistas, numa palavra, corretores de literatura, ao mesmo tempo que corretores de finanças, eles se apoderam de toda a imprensa da Alemanha, a começar pelos jornais monarquistas mais absolutistas até os jornais absolutistas radicais e socialistas, e desde muito tempo reinam no mundo do dinheiro e das grandes especulações financeiras e comerciais: tendo assim um pé no Banco, acabam de colocar nestes últimos anos o outro pé no socialismo, apoiando assim seu posterior sobre a literatura quotidiana da Alemanha... Vós podeis imaginar que literatura nauseabunda isto deve fazer.

Bem, todo esse mundo judeu que forma uma única seita exploradora, um tipo de povo sanguessuga, um parasita coletivo devorador e organizado nele próprio, não somente através das fronteiras dos Estados, mas através mesmo de todas as diferenças de opiniões políticas, este mundo está atualmente, em grande parte pelo menos, à disposição de Marx de um lado, e dos Rothschild do outro. Eu sei que os Rothschild, reacionários que são, que devem ser, apreciam muito os méritos do comunista Marx; e que, por sua vez, o comunista Marx se sente invencivelmente arrastado, por uma atração instintiva e uma admiração respeitosa, em direção ao gênio financista dos Rothschild. A solidariedade judia, esta solidariedade tão possante que se manteve através de toda a história, os une.

Isto deve parecer estranho. O que pode haver de comum entre o socialismo e o grande Banco? E que o socialismo autoritário, o comunismo de Marx quer a possante centralização do Estado, e lá, onde há centralização do Estado, deve haver necessariamente um Banco central do Estado, e lá, onde exista tal Banco, os judeus estão sempre certos de não morrer de frio ou fome. Ora, a idéia fundamental do partido da democracia socialista alemã é a criação de um imenso Estado pangermânico e, por assim dizer, popular, republicano e socialista — de um Estado que deve englobar toda a Áustria, os eslavos, a Holanda, uma parte da Bélgica, uma parte da Suíça pelo menos, e toda a Escandinávia Uma vez que ele tivesse englobado tudo isso, natural e necessariamente ele acabaria por englobar todo o resto. A influência desmoralizante deste partido fez-se sentir há um ano na Áustria e se faz sentir agora na Suíça.

Em 1868, ocorreu no proletariado da Áustria um movimento espontâneo magnífico. Em suas assembléias populares, os operários de Viena e de muitas outras grandes cidades da Áustria tinham proclamado em voz alta que, compostos de raças diferentes, alemães, eslavos, magiares, italianos, eles não queriam nem podiam içar em comum nenhuma bandeira nacional, deixando a cada pais o desenvolvimento absolutamente livre de sua nacionalidade particular, tão sagrada quanto o direito natural que é a própria individualidade de cada homem. Mas em comum eles só queriam içar a bandeira da emancipação dos trabalhadores, a bandeira da revolução social, a bandeira da fraternidade humana que deveria tremular sobre as ruínas de todas as pátrias políticas, quer dizer, das pátrias constituídas em Estados que se denominam nacionais, separados vaidosamente, ciumentamente, ambiciosamente, hostilmente, e para tudo dizer numa única palavra, burguesamente, um do outro (todo Estado nada mais sendo do que uma exploração do proletariado organizado em favor da burguesia), e a pátra política jamais sendo a pátria das massas populares, mas sempre as das classes exploradoras e privilegiadas. A pátria do povo é natural, não artificial, e tem como base principal, real, a comuna. Eis porque Mazzini, que é um teólogo e um burguês, atacou com tanta obstinação o programa da Comuna de Paris, e eis porque o general Garibaldi, cujo grande coração bate uníssono com o coraçao do povo e que possui a intuição dos grandes instintos e dos grandes fatos populares, declarou-se a favor da Comuna de Paris e pela Internacional, contra Mazzini.
Em consequência, numa assembléia popular imensa, os operários de Viena haviam recusado solene e unanimemente todas as proposições pangermânicas e patrióticas dos democratas burgueses da Alemanha e votaram uma mensagem de fraternidade, de aliança íntima com todos os trabalhadores revolucionários socialistas da Europa e do mundo. Eles advinharam por instinto todo o programa da Internacional.
Mas, desde o outono de 1868, os chefes, os propagadores e os agitadores, em grande parte judeus, do Partido da democracia socialista, que tinha acabado de se formar, sempre sob a inspiração de Marx, no norte da Alemanha, começaram a conquistar para seu lado os judeus da Austria, e juntos puseram-se a magnetizar, a fazer sermão, a enganar os operários alemães da Áustria. Eles não trabalharam em vão. Há um ou dois meses, os mesmos operários alemães de Viena, reunidos novamente numa grande assembléia popular e já organizados segundo o programa e sob a direção dos chefes do partido da democracia socialista, traduzindo dali por diante, sob inspiração exclusivamente tudesca, o cosmopolitismo no sentido do pangermanísmo, declaram-se partidários da grande pátria alemã, quer dizer, do Estado pangermânico, que se diz popular, do qual eles esperam estupidamente a emancipação do proletariado, como se um grande Estado pudesse ter outra missão que não a de subjugar o proletariado.

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Sabeis o que isso significa? É o começo da absorção, da conquista da Suiça, a alemã pelo menos, pela Alemanha; mas não somente da Suíça alemã, de toda a Suíça, pois as reformas que se preparam e que se discutem agora, se elas passarem, terão inicialmente por efeito inevitável subordinar absolutamente as Suíças italianas e romanches à direção, ao governo, e à administração exclusiva dos Suíços alemães, e mais tarde, por estes últimos, subordinar os prussos, — e tudo isso pelo maior triunfo de todos os judeus da Alemanha e da Suíça que engordarão nessas manipulações...

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O Sr. Hess, judeu alemão que se diz socialista, mas antes de tudo adorador do bezerro de ouro, inicialmente mestre de Marx, mais tarde seu rival e hoje seu discípulo bem disciplinado e submisso, escreveu contra mim um artigo infame que me apresentava, com força [ilegível] e penhor de simpatia e até mesmo de respeito, como um tipo de agente, quer de Napoleão III, quer de Bismarck, quer do imperador da Rússia, ou de todos os três ao mesmo tempo. 

Fonte
Carta aos Internacionais de Bolonha, Mikhail Bakunin, Dezembro de 1871.

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